Mulher
Meus olhos seguiram os teus e vi;
Os versos que os teus dedos escreveram,
Versos mitigados, residentes na alma que transporta
Ventos frescos em manhãs crespas,
Doces são teus anseios guardados
Na prateleira das emoções,
O mel no meio e o coração n'algum lugar
Entre o sonho da vida, e a vida que lhe é dada;
E de merecida é tida, vida envaidecida,
Que tu tens mais que compadecida,
No entanto é vida que te propaga
Por versos,
Transeuntes sem casas e moradas!
Versos que se vão para outro lugar
Longe das tuas mãos
Longe dos teus olhos
Longe do teu nascedouro!
Teus versos se foram para longe dos meus
Noutras terras, noutros mares, noutras águas
Certezas são torturas que a vida empresta,
Quando no cárcere a alma
É manifesta angustia de pássaro saudoso
Minha irmã teus versos são duradouros
Frescores nas entranhas das minhas emoções
E sigo seguindo teus olhos
Teu pulsar cicioso, tua saudade
De ente venturoso e feliz
N’algum lugar
Tua jornada terminará
E este pássaro sem asas
Que voa no teu vôo
E percorre tuas linhas
Por fim descansará!