Discordâncias
Por motivos triviais,
Discordâncias naturais,
Novamente nós brigamos;
E uma vez consumado
Para este gesto impensado
Mil razões nós procuramos.
E como sempre acontece
Não é só um que padece,
Pois a saudade s'inflama;
E sentará, com certeza,
O silêncio junto à mesa
E a distância em nossa cama.
Somando perdas sem ganho,
Viveremos como estranhos,
Negando reconhecer
Que nós dois somos culpados,
Nosso orgulho é infundado:
Sem perdão não há querer.
E as crianças caprichosas
Trocando espinhos por rosas,
Celebram co'um beijo a paz,
E esse briga de rotina
Revela quando termina
Que inda nos queremos mais.
Jorge Moraes - Livro: Acalantos