DISSIPAÇÃO
Foi toda uma vida de dedicação,
foi o pulsar de um querer
e um constante renovar
de emoções.
Foi na verdade
um sentimento a reinar,
um devotamento sublime, único,
incomparável aos demais.
Depois, com o passar do tempo,
todo esse amor caiu no esquecimento,
trágica ação do próprio tempo,
que destruiu o nosso altar,
onde cultuávamos nosso afeto.
E os sonhos desabaram,
as ilusões morreram,
só restaram as lembranças,
ainda que todas fragmentadas.
Por essa razão,
hoje vivo tentanto recolher
os pedaços, para encaixá-los
nas cenas de um espetáculo,
que se aproxima do fim.