Para Além do Rio, para Além das Estrelas…

Há uma forma imperiosa de se manifestar

Numa certa conflituosidade

De nos amarmos

E magoarmos

E com isso

Hipotecar

A nossa hipotética Imortalidade

Que se estende para além do horizonte

Do que podemos chamar campo de visão

Que normalmente só é detectável

Pelos sentidos

Pela alma

Que assim o mostra ao coração

Será porventura um mito

Essa coisa estranha mas ao mesmo tempo familiar

De vivermos com os sentidos apontados ao infinito

Por tantas razões

Imensas, Meu Amor…

Se calhar pelo motivo objectivo de sentirmos a vida

A uma escala demencial

Na confluência daquilo que somos um para o outro

De um afecto que isolado é belo

Mas quando junto ao análogo

Pode ser prejudicial

Dado a noite ser o nosso elemento

O nosso mais querido Ideal

Mas a noite é feita de sombras

Mergulha-nos na utopia

De sermos um para o outro

A certa companhia

Quando na realidade

Sempre a maldita realidade a entrepor-se entre nós

Amamo-nos demasiado

Até à suprema irrisão

Crepuscular

Que nos faz amar

Mais as tristezas

Os momentos sem luz

E acharmos estranho um sorriso de felicidade

E assim

Numa espécie de destino não escrito

Mas que sentimos até à máxima dor

Seremos de facto felizes

Mas só quando estivermos sós

A contemplarmos a beleza oculta

Que se esconde por detrás da nossa janela

Pensando num futuro

Para Além do Rio, para Além das Estrelas…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/02/2010
Código do texto: T2108774
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