Para Além do Rio, para Além das Estrelas…
Há uma forma imperiosa de se manifestar
Numa certa conflituosidade
De nos amarmos
E magoarmos
E com isso
Hipotecar
A nossa hipotética Imortalidade
Que se estende para além do horizonte
Do que podemos chamar campo de visão
Que normalmente só é detectável
Pelos sentidos
Pela alma
Que assim o mostra ao coração
Será porventura um mito
Essa coisa estranha mas ao mesmo tempo familiar
De vivermos com os sentidos apontados ao infinito
Por tantas razões
Imensas, Meu Amor…
Se calhar pelo motivo objectivo de sentirmos a vida
A uma escala demencial
Na confluência daquilo que somos um para o outro
De um afecto que isolado é belo
Mas quando junto ao análogo
Pode ser prejudicial
Dado a noite ser o nosso elemento
O nosso mais querido Ideal
Mas a noite é feita de sombras
Mergulha-nos na utopia
De sermos um para o outro
A certa companhia
Quando na realidade
Sempre a maldita realidade a entrepor-se entre nós
Amamo-nos demasiado
Até à suprema irrisão
Crepuscular
Que nos faz amar
Mais as tristezas
Os momentos sem luz
E acharmos estranho um sorriso de felicidade
E assim
Numa espécie de destino não escrito
Mas que sentimos até à máxima dor
Seremos de facto felizes
Mas só quando estivermos sós
A contemplarmos a beleza oculta
Que se esconde por detrás da nossa janela
Pensando num futuro
Para Além do Rio, para Além das Estrelas…