AIROSIDADE DO ROUXINOL

O amor me delimita

Eloquentemente me entrega

Mostra-me quem sou, e mais...

O que, ferrenho, renego ser

Sina maldita!

Recuso-me a crer

Nesta melada parafernália

Que mói com a airosidade

De um canoro rouxinol

Delicadeza densa,

Diminuta, brenha!

Larga-me multipartido

A cada frase suave, sussurrada

Destrona-me os cinco sentidos

Dias, semanas,anos

Séculos

De corações desguarnecidos

Das flechas dos céus

Carne exposta,

Aos ares

Sem jazigo

Dissolvendo-se em postas

Enlouqueço ao que

Iria dizer, ou melhor, predizer

Então encampo a amnésia,

Por fim, aplico a apnéia do querer

Preservo no vácuo

As inutilidades

Que sempre digo

Vago inócuo

A buscar, do amor,

Um seguro abrigo

Enquanto, nu, caminho