Libertação
Ai! Aquele olhar tímido
É um mar de fogo e brasas
Tal qual voar sem ter asas
Estar vivo e ter morrido
É queimar-se e sentir frio
Ver-te perto e tão distante
Ao passar tão cintilante
Tal estrela que se partiu
No horizonte num estralo
Chovem cristais de ternura
Ao olhar de quem procura
Afogado num gargalo
Consumindo corpo e alma
Num só cálice fundido
Sangue e vinho escorrido
Na mais doce e mansa calma...
Vai correndo pelas veias
O mais fabuloso encanto
Do olhar tímido de canto...
Entre atrítos e inercias
Busco em mim explicação
Pra tal amor platônico
Tão desvario tão cômico
Nele está a libertação...
(Joselito de S. Bertoglio)