Envelhecer no amor perdido
Cá me deparo nos outonos
Folhas secas ao chão, sem vida;
Cá estava eu, amor, no envelher de partida
Sentado no banco de praça a escrever.
Lá no distante eu jovem, me parece
Vivendo, amando máguas e desdenhos no viver
Sem saber das teias do destino a me tecer
Volto-me a ser jovem neste instante a cá morrer.
Sentado lá estava eu, desconhecer-me
Lá visto de que torturas de morte não conhecia.
Neste pedaço meu para que me ame,
Tôlo, fui depressa por fugir do tempo e cá está ele.
Fugi de mim, desta face pálida, sem atrativos
Sou velho comum e hoje penso em morte.
Prazeres meus estão neste banco em espera de amor:
Leve-me tempo à juventude que ainda vivo em mim.
Em conclusão entro por meus traços de amor:
Cá dentro, ainda sei amar-te neste anel;
Fui formado ainda jovem neste papel
E hoje espero amor que tirou-me o tempo.