Frio
 
Fala-me de um frio congelante!
A doer seus pés, de noites que passa sozinho,
Dentro de você, dentro desse frio...
E uma tristeza constante a preencher teu vazio.
 
Quisera suprir teu coração com meu amor,
E abraçar teu corpo e aquecer teus pés,
Sentir teu pulsar a dissolver-se no teu suave odor,
Pois até o frio esquenta-se na presença de calor.
 
Estive em você, por um instante, em pensamento!
E senti seu cheiro, e provei teu gosto.
E perdi-me na beleza de teus gestos.
Eu o amei e fui feliz... Por um momento.
 
Mas, como é triste a tristeza do amor,
Como dói quando ele perde o calor,
Sem aroma, sem força e sem sorte,
O amor vive assim a desviar-se da morte.
 
É inútil, toda tentativa é inútil,
Quando o coração congela no passado,
Os olhos ficam cegos para tudo que possa ser útil,
O amor passa ao seu lado, mas tudo parece fútil.
 
Eu o amaria por toda eternidade,
Se de sorte houvesse espaço no teu mundo real,
Do meu amor por ti, se diriam,
É incondicional...
 
Mas para ti o que vale é a irrealidade ou a vã suposição,
E eu te amaria mesmo assim,
No seu mundo irreal...
Se me desse uma chance de findar o frio do teu coração.