Um dia desses
Um dia desses...
Quando de pranto vestir-se a vidraça
E a saudade surgir, cavalgando a fumaça,
Estarei te esperando no mesmo lugar
Onde uma noite chegaste, querendo ficar.
Um dia desses...
Se para o drinque faltar companheiro
E só for confidente o fiel travesseiro,
Não precisas esperar: serás bem recebida,
Pois se adeus não disseste - não houve partida.
Carentes de afago e tristeza no olhar,
Duas crianças que não souberam brincar,
E embriagados pela insensatez do instante
Não sabendo se amigos, tornaram-se amantes.
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Amigos perdoam, só amantes, talvez;
A cada manhã, o Sol nasce outra vez.
A amizade não morre se regada co'apreço,
Quem sabe inda é tempo para um novo começo.
Um dia desses...
Jorge Moraes - Livro: Acalantos