Estar
Faz-me estar ao seu lado e caminho.
Pedaços de sombra nos seguem mudas,
Seguem-nos mudas, mas não caladas,
Pois nos falam da quente areia quente,
E me pego no meu olhar olhando sozinho
Dentro das casas, pra trás, ficam surdas
As roupas, nos varais, ainda molhadas
E crianças, de dentro, olham sorridentes.
Caminho ao seu lado
Caminho quase calado
Fico sem poder pensar
O lugar, no momento, é vago.
O que é estar ao seu lado?
De onde vem esse devaneio?
Andando posso estar parado
Seus olhos, olho, não leio.
Atravesso o meu eu para poder vê-la
E entre nossos olhares que se cruzam
Penso, em meu pensar, não perdê-la.