O MEU ESTRANHO AMOR
O amor que tem reinado nos limites de minhas concretudes;
Possui motivos e atitudes extremamente conturbados;
Atos confusos por todos os lados, alguns afagos e dardos rudes;
Enche meus olhos de açudes e deixa meus ossos quebrantados!
Queria muito ser capaz de compreender esse meu modo de amar;
Que me impele a ter razões para odiar e me convence ser melhor inexistir;
Mas não é forte a ponto de desistir, nem é fraco para se aceitar;
Anoitece disposto a guerrear, mas amanhece sem vontade de ferir!
É um amor doente e complacente, que não perdoa seu perdão;
Ruma numa estranha direção, que claramente lhe aponta ao desatino;
Rasga e reescreve seu destino conforme o badalar do sino da emoção;
Amor que não cresceu com a maturação, porque envelheceu menino!
Um amor que edifica sua paz sobre um ladrilho maltratador;
Cansado do que jamais cansou, aberto ao próprio abismo;
Cicatrizante e incisivo, eletrizante e estupor;
Dono do que lhe escravizou, joio mais legítimo que o trigo!
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