Canção de acalanto
Canção de acalanto
Olhar teu rosto iluminado, teus espantados olhos brilhantes,
Contando os pingos da chuva, ouvindo atentamente uma poesia qualquer.
É uma imagem de sonho, sentir teus cabelos em meus dedos, aspirar teu cheiro bom de mulher.
Teus medos se diluem num abraço - um beijo nos envia prá mundos distantes.
Ausentes dos trovões da urgência, das cobranças vindas em catadupas, na rústica alcova nos amamos.
Reinas senhora em meu peito, a relatar queixumes doloridos; prescruto diamantes em teus seios, eriçados seios atrevidos.
Improviso uma canção de acalanto mordiscando tua nuca, driblando teus sentidos – recolho em minha boca o inusitado sabor de teus gemidos.
Séculos depois emergem a tona elétricas sensações experimentadas, reféns das lembranças das loucas e santas horas que passamos.
Navegamos nas doces ondas dos nossos beijos trocados, beijos escondidos, ciosamente guardados, rosas repletas de mel.
Uma Lua que não vejo, olhos vendados por tua cortina de pele nua, entrega-me a fugidia inspiração que tanto preciso
Prá colocar num versejar escorreito o amor que fizemos, um amor que ultrapassou as dimensões do espaço e do tempo, que transformou em pérola teu lindo sorriso.
Este é um amor a que temos pleno direito, um amor feito sem meias-medidas, com a força renovadora de uma represa rompida, lobos uivando em prece pro céu.
Não há hora e nem lugar marcado prá se amar. O amor, imprevisto como o faiscar de um diamante de cem faces, eclode quando se menos espera. Cabe, a quem recebe a visita inesperada de Cupido, dar-lhe efusivas boas vindas e usufruir deste néctar tão raro.
Cidade dos Sonhos, noite da ultima Segunda-Feira de Fevereiro de 2010
João Bosco