Passagem

Quisera, eu rúbia, ser casta ainda,

singela como teu perfume me anuncia

erguer-me sobre umbrais ornados

de almas e vultos sejam tecidos meus beijos

Quisera na curva mais sinuosa

encontrar-te, um dia, qual menina secreta

escrevendo nos muros e portas

entrelaçando nossos nomes e medos

Mas o que sou, senão tua?

Se viver sem tí é meu fardo

sozinha em nuvens de afagos

e gotas salgadas de angústia

O que serei para sempre?

Se tua eu não for, morrerei

aos poucos nestes umbrais negros

despir-me das vestes do amor

E em fagulhas de tempo, gritar

teu nome com meu sopro mais tenso

afogar-me na lembrança dos olhos teus

e consumir-me, inteira, nestes tormentos!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 20/02/2010
Código do texto: T2097378
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