Sobre ti

Tenho que ir!

A madrugada dorme nos pingos do orvalho

e eu me atalho só, antes do sol,

indo-me morar em meus sonhos,

onde as ilusões eu apanho

e durmo e vivo e amo.

Perco-me nas fontes dos amores sedentos

porque no meu peito a avidez vira fermento

e nossos corpos: um grande bolo de desejos.

Escondo o meu olhar em tuas entranhas

e deixo-te ir por minha boca

e por minhas mãos

e com minhas manhas,

como se em ti um outro coração me houvesse amado.