A PERFEIÇÃO

Eu não consigo avistar nenhuma imperfeição por toda extensão de tua imagem;

A mais linda paisagem com que o meu olhar afortunado já se deparou;

Até parece um complô do fascínio com a miragem;

Pois nem a mais irretocável maquiagem a tua exuberância alcançou!

Nem mesmo a lente apurada alguma mácula encontraria;

Intacta passearia por tua geografia de incólume reputação;

Qual análogo da desesperação beirando um poço de euforia;

E ao mundo gritaria que tua supremacia nada tem de ilação!

Percebo em teu escopo o levedo da libido;

O prazer esculpido, o anarquismo mais lascivo morando em ti;

É necessário fugir para não sucumbir e manter o sentido;

Eu me sinto perdido ao me achar erguido por teus pés a cair!

Eu aposto meus olhos que fisionomia mais linda inexiste;

É um poema em riste, é a prova cabal que existe o hedonismo;

Um benévolo abismo, o direito insano que me assiste;

Perfeição sem limite – tu és o sonho acordado de meu realismo!

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