DIA DE OUTONO
DIA DE OUTONO
Os momentos de Ausência são como as árvores de outono.
A cada farfalhar ao som dos ventos as folhas caem em revoadas.
Seus galhos secos, que parecem sem vida,
Mas que ao primeiro toque de gotas de inverno
Renascem em belo verde.
Ora, digo: se o outono é ausência de folhas, flores e frutos,
Em mudança contínua de contraste e harmonia,
Sem ao menos uma sombra para uma alma aflita descansar,
É porque dorme dentro de si toda força que há,
Esperando um simples toque da próxima estação.
Esta natureza tão insólita e verdadeira é prova viva de que vale à pena
Esperar pela próxima flor da primavera.
Mesmo que a aparência das árvores nos engane:
Ainda que não haja sombra e frutos,
Há vida, e sempre haverá uma próxima estação.
Nós dois somos como as árvores de outono:
Somos e não somos o oposto de tudo que há,
Vivendo uma constante ausência e contrastes,
Tempestade e bonança, duas forças divinas,
Que se unem em harmonia nas longas raízes,
A espera de uma nova estação.
Leandro Dumont
28/07/2008