Poema 0775 - Realidade do meu hoje

Hoje não tem música, o som não está na casa,

as janelas não abrem para que entre o sol,

o teto fechou-se como se fosse noite,

a cadeira ao lado da cama está vazia, sem roupas.

Não posso chamar de amor qualquer mulher,

depois da lua, depois da rua, depois do beijo,

envolvi até as sombras entre meus braços,

como louco fui, amanheci amante e seu hoje.

Fala-me da paixão mais uma vez, como ontem,

erga os olhos e que não fique sobre os meus,

deixa-me penetrar alma adentro,

como prometi um dia, é amor, pegue, é seu.

Poderia voar em meus sonhos, mas não os quero,

acreditei na realidade e nela encontrei caminho,

juntei pedaços de velhos desejos, separei alguns,

montei, planejei um amanhã para viver o meu hoje.

Voltarei um dia a algum lugar do passado,

não vou comparar restos de vida, quero senti-la,

relembrar sentimentos de outros dias,

entrar corpo adentro, como se fosse casa antiga.

Sei a altura que tem o céu, a distancia do inferno,

qual caminho o amor percorre dentro dos corpos,

a quentura do fogo que aquece os sexos em atrito,

as decepções d'outra noite, as alegrias do agora.

Volto a minha nudez comum aos homens amantes,

deixo que apontem seus dedos sujos de mentiras,

enquanto vou lento carregado da minha realidade,

até um dia a liberdade, a música, o riso e o amor.

04/08/2006

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 04/08/2006
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