AZUL DO OLHAR
AZUL DO OLHAR
Dois continentes e um mar que os separa,
São duas faces da mesma água que os une,
Um tem a espuma que traz
N’ outro a espuma se desfaz.
Tão completos e tão distantes
São dois amantes do mesmo oceano
Que na branca bruma explode nas falésias
Sem que ao menos um beijo saia.
Cada continente uma imensidão de terras
Corta as águas em busca de vida,
Mas que a vida é o próprio mar.
Mas que a vida é o próprio ar.
Duas praias e uma doce onda,
Uma barca branca o vento vela,
Um espaço louco que traz,
Um espaço vazio que leva,
Que importa a imensidão das terras,
A branca espuma do mar,
As altas falésias do oceano,
Se a ti não posso amar.
Nem um gole posso sorver.
Cada fio desta densa água
Tem gosto amargo ao se beber.
Águas profundas, turvas e quentes,
De que serve tão doce beleza?
Morreria em ondas sinuosas certamente
Ao romper tal formosura e grandeza.
Mas este azul que a lua um dia,
Nos separou eternamente,
Ao fundir seu brilho em prata,
Como dois cúmplices amantes,
Tão longe, somente a nos olhar
É o mesmo mar azul distante.
Tão perto, que o céu pode tocar.
É mão que acena o adeus ao te beijar.
Leandro Dumont
05/09/2008