OLHA PRA MIM

Olhe pra mim

O rosto me disse com o olhar,

Não me falou sim, não me falou não,

Respondeu com um brilho azul.

Teus olhos tinham o sorriso da luz,

E conversamos horas sem nos falar.

E sem nos tocar, nos abraçamos,

Não havia nada a dizer e tudo pra conversar.

Porque tudo estava n’olhar.

Olhe pra mim quando falar com você,

Pois não digo nada,

São os olhos que dizem tudo.

E naquele silêncio aprendemos juntos

Que o melhor da vida é o sentir do olhar.

Que o dizer é um tocar de olhos num reluzir de cristal.

Aprendi que o silêncio pode ser ouvido,

E que o brilho do olhar pode dizer tudo,

E que o grito da voz pode dizer nada.

Olhe pra mim quando falar com você,

Pois não digo nada,

São os olhos que dizem tudo.

Por que reluziu com tanto brilho, os olhos,

Se havia somente saudades?

Não fique triste, não chore, olhe o céu.

O que sentimos está no cárcere da alma,

Não temas, posso vigiar a tua

E conforta-te em ver a minha.

Olhe pra mim quando falar com você,

Pois não digo nada,

São as estrelas que dizem tudo.

Leandro Dumont

15/04/2009

Creio na força do olhar e em tudo que dele possa vir. Creio que a humana condição só será verdadeiramente perscrutada quando os homens se decidirem pelas janelas da alma, olharem-se profundamente, e esquecerem-se da tosca aparência, que inebriam seus egos arrogantes e os distanciam das verdades e dos valores morais.

Leandro Dumont

Leandro Dumont
Enviado por Leandro Dumont em 16/02/2010
Código do texto: T2089441
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