Uma rosa por presente
Deixaste, gentil senhora,
Ornando um vaso de vidro,
Em amarelo esmaecido,
Viçoso botão-de-rosa;
Tocar suas folhas sedosas,
Embebidas em doçura,
É ter bem junto a ternura
De tua alma carinhosa.
Sempre dediquei às rosas
Uma invulgar simpatia,
Pois sua imagem irradia
Portentosa sapiência:
Para alcançar florescência
Percorrem longo caminho,
Deixando atrás os espinhos:
Partes vivas da existência.
Puseste no anomimato,
Mas foi fácil descobrir;
Não precisei inquerir
Com perguntas engenhosas:
Notei tua face ditosa,
E, como o costume,
Sempre ficam com perfume
As mãos que doaram rosas.
Jorge Moraes - Livro: Acalantos