Dança das flores

Doeu à consciência de alguém que certamente pensa

Diferente de mim e depois de tanta insistência

Afagou os cabelos com laquê cheirando jasmim

Aliviando a dor que havia dentro do peito assim:

Embebedou-se de desejo depois de um longo beijo

No canteiro do mais belo e florido jardim

Fez da lembrança uma doce esperança, de jeito

Que aquele doce momento jamais tivesse fim

Acendeu a chama morta do amor que não mais buscava

Prometendo ser para sempre, dançou a dança do ventre

E aguçou desejos que ele não alimentava mais, ativou

A ternura do amor que até então desiludido vagava.

Depois se vestiu na camisola doirada, rodopiou no centro

Do quarto sobre o tapete colorido, no candelabro olhou

A lâmpada de néon da boate rosada, em desejo louco

Fingiu-se de apaixonada e jogou-se na cama desesperada.

Abraçou-se-lhe quando já era quase romper da aurora e as luzes

Da cidade haviam se apagado, restavam sobre a calçada

Só os cancioneiros da vida noturna carregando flores

Que a noite eram tudo e de dia eram na certa quase nada.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 04/08/2006
Reeditado em 04/08/2006
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