Dança das flores
Doeu à consciência de alguém que certamente pensa
Diferente de mim e depois de tanta insistência
Afagou os cabelos com laquê cheirando jasmim
Aliviando a dor que havia dentro do peito assim:
Embebedou-se de desejo depois de um longo beijo
No canteiro do mais belo e florido jardim
Fez da lembrança uma doce esperança, de jeito
Que aquele doce momento jamais tivesse fim
Acendeu a chama morta do amor que não mais buscava
Prometendo ser para sempre, dançou a dança do ventre
E aguçou desejos que ele não alimentava mais, ativou
A ternura do amor que até então desiludido vagava.
Depois se vestiu na camisola doirada, rodopiou no centro
Do quarto sobre o tapete colorido, no candelabro olhou
A lâmpada de néon da boate rosada, em desejo louco
Fingiu-se de apaixonada e jogou-se na cama desesperada.
Abraçou-se-lhe quando já era quase romper da aurora e as luzes
Da cidade haviam se apagado, restavam sobre a calçada
Só os cancioneiros da vida noturna carregando flores
Que a noite eram tudo e de dia eram na certa quase nada.