Manifesto ao Imaterial Amor
Se te percebo e me notas em todos os momentos
e nossas vidas lamentam as mesmas dores...
É porque fomos feitos, moldados e desenhados do mesmo jeito.
Em noites poéticas, de lua cheia, por artesãs e seresteiros.
Então nos regozijamos das mesmas simples alegrias
Miraram-se os mesmos encontros e reencontros.
Esse é o tom perfeito por onde transcende a sublime arte...
Que alimenta a nossa essência e nos leva a escrever poesia.
Faltou-nos apenas o tempo de qualquer momento...
Por onde escorre os melhores dos nossos sentimentos.
Se em ti eu só penso com todas as ternuras e doçuras
e nada vejo que possa retocar-te qualquer detalhe.
Assim escuto os teus sussurros além dos muros,
das paredes, das centelhas a acariciar os meus ouvidos atentos.
Outorgo-me o deleite de afirmar que te amo enfim...
Como eu a ti me dedico sem esconder nada que vem de mim.
E amo tão absurdamente que me extrapola a alma...
E é um amor incontido que explode a toda hora em meu peito.
E o que falta não reduz em nada as minhas emoções...
Pelo contrário, as sinto ampliadas ao mirar e encontrar nos olhos teus.
É algo maior que os ímpetos e paixões convulsivas
de um querer-bem que pisoteia sentimentos pouco criativos.
Nesse turbilhão intenso perco até a razão com o imenso emaranhado
enlouquecido a bailar por todo corpo numa erupção de sensações.
Desejo o tempo todo a tua presença delicada e servil...
Aos teus pés entrego o que de melhor meu há de apaixonado e gentil
Eu amo a tua face, as tuas energias, os teus sonhos.
Estou cativo e preparado, com esmero obediente e redobrada atenção.
Eu amo o teu jeito invisível de também me amar...
Meu querer ousado e saliente está preparado e ligado a esse ato divino.
Este sentimento passeia livre, com tanta suavidade...
Que é a própria de quem está unido nos mesmos laços e anseios.
Vivencio as tuas dores, delas me aproprio e adormeço
só pra te devolver tristezas convertidas em alegrias.
E no transmutar do sofrimento percebo que a felicidade acena
seus galanteios e se põe de prontidão ao ofertório.
Desejo te amar sem o desejo do que não me podes dar.
Observo os hiatos e espaços por onde preenchemos nosso diálogo.
O meu amor não me corrói nem corrompe, só me faz sorrir...
É uma construção silenciosa que nos completa e fortalece.
Eu te ofereço toda esta força imaterial que me possui
só pra te ver sorrindo no abraço solene e eternizado.
E no calor do teu afago sinto-me um homem realizado,
rompendo todos os obstáculos a me sentir assim amado.
Desfaleço e ressuscito sempre acordando ao teu lado.
O cenário é um relicário tal qual a luz de um palco iluminado.
Compreendo que a tua existência comigo me é o bastante.
Porque intuo a completude da união dos fragmentos, das
peças de um mosaico, a formar e emoldurar duas metades.
Já é muito, quase tudo que tens nesta vida me ofertado.
E juntos expomos nossas vontades por onde florescerá o amor.
Dueto: Nalva Ferreira e Hildebrando Menezes