Coração Silente

Coração ainda não quer falar de amor

Anda meditando sobre suas emoções

Nem dizer das dores que houve passar

Reflete sobre uma vida de decepções

Cala-se ante as alegrias relembradas...

Ao perpassar por instantes de nostalgia

Ele olha a frente da fronte que o carrega...

E num breve relance se posta em oração

Coração embeleza o templo de solidão

Sabe que guarda a mais valiosa devoção

Ele quer cerrar os lábios que o entoam

Lábios da mulher amada o encantam

E evitar o beijo roubado que não inventou...

Sonha acordado para tê-la em seus braços

Coração passeia pelas luzes que apagou...

Seguro pela esperança que o iluminou

Coração fica contemplando o etéreo

Ébrio de poesia não consegue ficar sério

Prevê que num dia, baseado no nada

Vai acontecer algo belo e inesperado

Possa ver tal semblante sem as sombras...

A face rubra encostada à sua em euforia

Ele acaricia as lágrimas e verte a espera...

Ciente do vir a nascer suas possibilidades

Coração silente em nada se precipita

Tem a consciência do sentimento bonito

Ele sabe o tal deslinde do desamor

Porque nessa arte hoje ele é professor

E entende que procura, embora o desejo

Seja algo que o toma por inteiro em seu vôo

Sabor maior que a lágrima e o beijo...

É este o seu canto e solfejo intermitente

Coração silente afaga ternuras existentes

Que ninguém conseguira apagar ou calar

Pacifica ansiedades e anseios e entende

Que o melhor da vida é doar-se em profusão

De amores do sim que se permite o não

Trabalhar entregue às dualidades da paixão

De esperas sem senões, certas de encontros...

Convicto e seguro mesmo nos desencontros

Sem avisos ou sobreavisos da razão

De sorrisos que por ele falarão...

Dueto: Nalva Ferreira e Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 12/02/2010
Código do texto: T2083951