De tuas asas...
Vejo que lustram essas tuas asas alegres,
que tudo sobrevoam afoitas,
sem temer sequer a morte.
És assim:
uma mulher desigual às comuns sem asas,
a que chora sem lágrimas
e que sorri com o olhar imerso em prantos.
És, bem sei, um difícil acalanto,
o que me martiriza e que me enche de encantos,
o que me incomoda e me enche de beijos.
Nosso quarto é palco de artes indecifráveis,
o que nos acode nas horas de má sorte
quando a carne representa o lívido descanso.
Vejo que lustram os teus sentimentos
e se és de mim, minha nem és tanto
e eu apaixonado aqueço as esperanças,
enquanto voo, sem asas ter, ao teu encontro.