Contaram-me…
Que tomaste a decisão de partir
Sem sequer deixares um recado
Para me avisar
Que quando fosse ter contigo
Te procurasse
Num outro lugar…
Contaram-me…
Que quando te viram pela última vez
Não levavas nada contigo
Estavas apenas a chorar
Sendo essa a bagagem
Demasiado volumosa
Que transportarias
Para um futuro recomeçar
Contaram-me…
Que murmuravas o meu nome
Entre dentes
Baixinho
Para ninguém te ouvir
Ninguém te escutar
E por isso não me souberam dizer
Se me esconjuravas
Ou se eram as tuas derradeiras palavras de amor
Se estavas decidida
Ou se encontravas cindida
Entre o instinto
E o teu verdadeiro ser…
Vontade de ir
Vontade de ficar…
Contaram-me
Que tinhas um ar
De quem tinha uma conta para pagar
Conta para mim…
E eu não sei dizer
Se me irias saldar a divida com uma raiva absoluta
Ou com uma carta de amor
Que um dia…
Um dia eu iria receber…
Contaram-me…
Que exactamente na mesma altura
Me viram desatinado
Me viram a sofrer
Pintando o teu nome
Em todo o lado
Por onde passasse
Depois da dor passar
Para
Me lembrar
Do teu nome
Do grito calado
Que dei quando me apercebi da despedida
Em palavras que nunca disse
Nem nunca direi
Para não sublimar ainda mais
A minha
A nossa
Ferida…
Contaram-me…