Tudo novo de novo no amor...
Ficou um gosto de sabão na boca
com a morte do amor que pereceu
sem antes chegar ao paraíso...
Parou na metade do caminho.
Agora vem vento forte e chuvarada
e o coração está a descoberto, perdeu o teto.
O piso ficou escorregadio,
o seu sapato restou liso
sem corrimão, sem salvação.
O seu limite é o chão, escoriações...
Uma lembrança guardada
do amor que acabou
sem que no peito acabasse.
Uma casa sem porta e janela, sem saída.
E as forças que se escorrem pelo ralo da pia...
E a necessidade de continuar a história,
agora com medo das outras pedras da estrada,
diferentes “astros” brilham e gritam, se oferecem.
E você com o olhar distante, inseguro, continua...
e a necessidade de novamente botar um teto no coração.
É difícil saber que outra metade está ali
e que você pode tentar colar as duas,
tentar de novo fazer um;
agora que a tempestade enfraqueceu,
e você pensa se vale a pena arriscar num terreno incógnito.
Você sabe que as embalagens não revelam conteúdo.
Mas, mesmo se o mundo se tornasse perfeito,
ainda assim existiriam os riscos,
Aquele perigo de novamente ficar sobre um piso escorregadiço.
O olhar denuncia a carência e vontade,
o peito sente e chora
a razão segura os pés e trava os lábios.
Aquele astro brilhante na medida dos seus desejos
ao alcance das suas mãos, na medida das suas pernas,
no exato lugar, no momento certo e você parada
se segura no seu orgulho, rainha nos seus pretextos.
Mas, o mundo gira
e numa noite de chuva fina e vinho tinto,
uma massa, um queijo, um abraço, um beijo...
E tudo volta ao normal. E se limpam as gavetas,
escovam-se os cabelos e volta o brilho nos olhos...
O coração ganha novo teto e cheiro de tinta fresca.
E numa tarde qualquer verá no horizonte o arco-íris
com um colorido nunca antes percebido.