DE UM CIDADÃO FUZILADO, POR ORDEM DE CHE GUEVARA, NA CUBA PÓS-REVOLUÇÃO

O grito é meu e de mais ninguém.

Corto o silêncio

e é minha a voz que se estatela na parede.

Ouvidos tapados não me reconhecem:

seguem sua rota.

Eu grito e me sinto livre

para morrer do jeito que der,

para rolar no chão, como se possesso,

para redescobrir a minha história.

Eu grito.

E ergo a bandeira cinza de meus ideais,

do meu vir-a-ser,

do meu desalento.

Desalinhado visto

a farda.

Fardado, grito:

a liberdade são os tiros

que o revolucionário desfere

em meu peito.

Ele deve ter lá a sua louca razão

para me fuzilar.

O que fiz?

Lutei para ter algo

que há de ser dividido

entre os heróicos socialistas e o povo,

seja lá o que isso seja...

Crucificam-me à bala.

Deixa o meu grito

contaminar

o paredão!

Deodato
Enviado por Deodato em 10/02/2010
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