DE UM CIDADÃO FUZILADO, POR ORDEM DE CHE GUEVARA, NA CUBA PÓS-REVOLUÇÃO
O grito é meu e de mais ninguém.
Corto o silêncio
e é minha a voz que se estatela na parede.
Ouvidos tapados não me reconhecem:
seguem sua rota.
Eu grito e me sinto livre
para morrer do jeito que der,
para rolar no chão, como se possesso,
para redescobrir a minha história.
Eu grito.
E ergo a bandeira cinza de meus ideais,
do meu vir-a-ser,
do meu desalento.
Desalinhado visto
a farda.
Fardado, grito:
a liberdade são os tiros
que o revolucionário desfere
em meu peito.
Ele deve ter lá a sua louca razão
para me fuzilar.
O que fiz?
Lutei para ter algo
que há de ser dividido
entre os heróicos socialistas e o povo,
seja lá o que isso seja...
Crucificam-me à bala.
Deixa o meu grito
contaminar
o paredão!