Estranha viagem dos sentidos…
Entre milhões de mulheres
Eu escolhi-te
Porque és única na Tua diversidade crua e complexa
Não és
Nem serás nunca
Uma Qualquer
E estás sempre em guarda
À espera de sinais de fumo
Que denunciem em mim
Ou no mundo
Mais uma batalha
Há em Ti
Uma característica guerreira
Que abafa
E eclipsa as demais
E quando te toco
Nunca estás ali
Mas quando te falo
Tu ouves-me
Estás perto de mim
Na Capital de o que somos
Ou então em Paris
Em Roma
Em Barcelona
A captar o mundo
Que europeizamos
Debaixo da nossa redoma
Cúpula de afectos
Que ninguém percebe
Onde ninguém penetra
Por dificuldade
Ou por vontade de entrar
Não o sei
Só sei
Que somos apenas 2 na nossa embrionária forma de estar
Onde se respira o ar do presente
Onde se sentem os aromas do futuro
Onde o factor “X”da diferença
É o que impera
Debaixo das luzes fortes
Das cidades sem fim
Dos satélites
Da rede cibernética
Que abençoa
Uma espécie estranha de amor
Tu amas as estrelas instintivamente
Eu amo-as de uma forma racional
Tu não sabes viver sem elas
E eu aprendi de viver
Dos restos afectivos
Que é minha tradição perder
Eu e tu falamos uma linguagem
Que mais ninguém parece perceber
Eu sou só por vício
Tu és só por convicção
Tu partes muitas vezes
Deixando-me na dúvida se irás regressar
Eu estou sempre a partir
Para todo
Ou para nenhum lugar…