Uma perturbadora e tranquila forma de existir…
As paredes estão vazias
Das palavras
De uma velha revolução
As ruas estão cheias
De gente conformada
Com o Estado da situação
A febre existencial
Toca-me de uma forma fundamental
E eu ardo
Por fora
E por dentro
Preferia estar doente
E isto passar
Com um medicamento
Dou comigo
A rir
E a chorar
Dou comigo
A admirar
E a desprezar
Dou comigo
A amar
E a querer-me ausentar
Dou comigo a admirar as estrelas
E a querer ir para junto delas
Dou comigo
A perder a fé
A essência de as alcançar
Dou comigo
A dum copo vazio
Me poder embriagar
Dou comigo
Cheio de afectos
Dou comigo
Vazio de carências
Dou comigo
A virar o mundo ao contrário
Dou comigo
Com um livro em branco nas mãos
O querer transformar em dicionário
Onde pudesse
Escrever tudo de novo
Um Universo recomeçar
Do nada
Pegando nos restos
Que sobram de uma meia vida
E a desejar
Não os ter desperdiçado
Mas nesse livro fundamental
Tive que optar
Entre eles
E Tu
Tive que optar
Por certos caminhos
Nos quais me perdi
E te achei
Nos quais
Estou sempre com pessoas
E às vezes contigo
Mas nos quais
Me continuo a sentir
Sozinho…