Magia
De certo seria eu ingênuo se dissesse
Que o mundo é pequeno diante
Do amor que sinto, ignorasse a grandeza
Das palavras no universo do poeta, o brilho
Do sol na serenidade das manhãs, o sopro
Do vento sobre a areia da praia,
A ingratidão dos que ceifam vidas,
Dos que não amam se não forem amados.
Mais ingênuo ainda eu seria se confiasse
Plenamente nos homens, na estática
De seu pensamento, no seu sentimento
Diante da incerteza e na eternidade
Da beleza com o passar do tempo.
E pródigo eu seria se dissesse a primeira vista
Tudo o que sinto e penso ao desconhecido,
Acreditar sim na força do amor, na transformação,
Na unissonância entre os casais,
No sincretismo da fé que remove montanhas.
Ah, esse sol que a pele queima; a criança que teima,
O adulto que a sua bonança procrastina, do ser
Que extermina, tendes piedade Senhor, porque eles
Estão errados, amarrados em si mesmos pela
Ganância desenfreada do materialismo, abismo
Da sinceridade e do sonho mágico de ser feliz.