Primavera à vista.
Palavras ditas,
pétalas retiradas,
e assim despes meu corpo e minh'alma.
E, assim despida,
ando esperando pelo dia,
o tal dia que me tomou toda a calma.
Cada frase é uma carícia,
cada segundo, derrama-se a delícia
e o desejo de te encontrar, de te rever.
E, ao te ter nas mãos, cravo vermelho,
despetalar-te-ei por inteiro,
e deixar-me-ei despetalar para o teu prazer.
Cada dia passa,
e aproxima-se o tempo da graça:
a primavera, onde as flores hão de se unir.
Eu aguardo ansiosa esse tempo chegar,
sem saber como será até lá,
sem saber se haverá primavera a surgir,
sem saber se o cravo por ali chegará.
Até lá, ficam as palavras, e o sonho
da primavera e do cravo vermelho aparecer
com sua beleza e graça,
que já a alma inebria e transpassa
e o corpo, na primavera, há de ter.