Pérolas esparsas
Pérolas esparsas
O aguilhão do desejo me assalta, vulcão explode incontido.
Nesta manhã, solteira e ensolarada, em que tua recordação cobre a minha nudez,
Todas as mulheres da minha vida reúnem-se numa só – escarnecem de minha pseudo-altivez.
Cintilam estrelas em teus olhos, miram fundo em minha alma, resgatando o que lá está escondido.
Não há glória no gozo negado, não há prazer em noites perdidas, velas queimando esquecidas no criado mudo.
Fecho os olhos prá não te ver. Inútil: no sonho tu não me deixas, mostra-me que não posso te esquecer.
Mergulho a procura de pérolas esparsas no obscuro mar de nossa insensatez - encontro os mesmos hiatos que não consigo vencer.
Sou demasiado humano, constato. O animal, aceso dentro de mim, não se contenta com pouco – de ti quer provar de tudo.
Nossa história de amor se embaraça como uma caravela presa na calmaria, mastros caídos em confusão.
Protegidos em nossa memória, nossos momentos mais lindos, sentinelas atentos de um diálogo que hoje não flui como antes.
São inúmeras questões que não mais sabemos responder, ultrapassamos a fímbria dos sonhos – a realidade está nos colocando distantes.
Levanto, a medo, meus olhos ao encontro dos teus, sazonais encontros de almas – Lua e Sol se dando as mãos.
Quando amamos, não nos contentamos com nada parcial, com metades, queremos compartilhar de todos os momentos, bons e ruins, ao lado do ser que amamos. O amor só se concebe como amor total quando se divide tudo – quando se soma ternura e paixão.
Cidade dos Sonhos, manhã do primeiro Sábado de Fevereiro de 2010
João Bosco