AMOR CORTADO

A navalha rasga o peito

Sangrando sorrindo...

No amor as coisas são assim:

Há sempre uma derrota maior.

Sempre há perca numa chuva

De lágrimas!

Mesmo o amor durando toda a vida,

Caso contrário,

Não existiria a viuvez:

A maior covardia do casamento!

Este amor moderno

Foi falsificado pela

Ternura do passado

Que o futuro,

Mesmo sem existir ainda,

Massacrou!

Hoje,

Ele precisa da falsidade do mal...

... Mas o que é a falsidade do mal?

-Ó, dona Maria, nunca esqueça,

A vida caminha pra gente

Com o espelho na nossa frente.

Se bater, cortará sua mão.

Se beijar, cortará seus lábios!

É que a navalha dos lábios

De um beijo mal dado e sem amor

Corta mais que a navalha de um vidro

Que reflete nossa imagem imunda!

-E agora?

-Agora vou roubar seu riso

E mastigar o seu olhar!