CULPAS
O amor te anda ausente?
É preciso ir buscá-lo
Tenta de novo encontrá-lo
E te dar completamente.
Reconhece a sua ausência
A razão por que morreu
Uma parte que sou eu
Junta à tua incoerência.
Somos parte do problema
Cada qual em doses certas
Ignoramos os alertas
Não abrimos as algemas.
Que sejamos coerentes
Neste amor que nos aflora
Não resolve ir-se embora
E amargá-lo eternamente.
Nos amamos como poucos
Por que dar-se às influências?
Nossas vis adolescências
Já nos fazem quase loucos.
Nossas mãos são tão vazias
Sem às outras serem dadas
Nossas bocas, ressecadas,
Sem beijos, sem alegrias.
Quando a vejo por que tremo?
Nada sofro de outra dor
O que será, senão amor
Pra chegar a este extremo.
Não existe amor perdido
Lá no tempo, embora tarde
Ele vem como um covarde
E se instala arrependido.
Talvez, aí, desdenhamos
Por querer o recomeço
O amor é como preço:
Cai e sobe se compramos.