CAMINHADA

Em minha caminhada, permito-me errar,

Para buscar o essencial, o grande amor,
Os lábios que não toquei, os olhos que perdi,
As mãos que desejei...
Mas meus erros de dor, errantes, acertam
E tornam-se simples, para seguir em frente.
É preciso ser paciente e contemplar,
Como um monge, com alma de mago,
Romantismo de poeta, num olhar distante,
Com coração forte...
Na candura e sutileza de anjo,
Num corpo fechado, trancado,
Unificando dia a dia esse encantamento
Incansável, capaz de despertar,
Nas profundezas de mim,
Esse sangue que corre vermelho, na senda da terra,
No corpo, um vulcão adormecido
E na dança exótica e arrebatadora,
Labaredas encarnadas crepitam,
Ondulam fagulhas flamejantes que aquecem,
Afugentam a fera ferida e faminta de um único amor,
Que acentuou seu perfume e acordou-me,
Em meu jardim, chamado vida.
                                    
Adriana Leal



Texto revisado por Marcia Mattoso