Presença

Eu deixarei que viva em mim

o anseio de tocar teus olhos

(que são plácidos)

Porque egoísta

quero roubar o teu sossego

(com sentimentos drásticos)

E, a tua ausência

é qualquer coisa como a vaga

E, já não sinto em meu gesto referência

a tua efervescência

e em minha voz coerência

(tua potência)

Te quero ter

Porque em meu ser tudo é finado.

Então, não surja pra mim

com um afeto bastardo

Para que não tenha que lavar

esta alma amaldiçoada

Que ficou sob minha carne

Como juízo passado

Não te deixarei ir

Pois tua face cabe a minha face

Teus dedos são de meus cachos

e teu desabrochar pertence aos meus anseios

Logo, saberás:

quem te tocou fui eu,

(porque te trouxe luz a intimidade)

Porque abracei teu silêncio

e ouvi sua prece fervorosa

E meus dedos enlaçaram teus dedos

Ante o conhecimento de uma esperança

(tão mimosa...)

E eu trouxe até ti

a recôndita essência de tua procura

(tão bem guardada)

Eu ficarei só, como a luz alva

na infinita imensidão de noite

Mas por já ter-te sentido

poderei partir

E as lamentações

das mãos, dos olhos, dos ouvidos, da boca, da alma

Sereis vós ausente,

Vós presente,

Em mim,

Vós para sempre.

Bella Dona
Enviado por Bella Dona em 03/02/2010
Código do texto: T2067186
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