É uma Nova Madrugada…

Em que me dás a tua Sombra

E eu sinto-me preenchido

Quando aos olhos do mundo

Fico sem nada…

E Tu dizes…

“Faço desenhos nas nuvens

de um céu

que também é teu

Sonho pelos dois

pois sonhar

Foi um Dom

Que Deus me Deu…”

E eu respondo…

“Somos ambos viciados nas Estrelas

E naquilo que se esconde

por detrás delas

gosto que sonhes por mim

mas sou capaz de sonhar de uma forma independente

gostamos demasiado um do outro

para podermos

um futuro juntos imaginar

pois eu nunca vi

O ar

se misturar com o mar…”

Na resposta tu exclamas:

“Mas afinal quem é a Água

quem é o Mar?!

quem limpa as lágrimas a quem?

E quem está a chorar?

Quem acha assustador

que eu te ame

sem que contigo queira estar

quem acha assustador

que eu goste

e cultive uma solidão

que acha pouco natural

que Ela seja o meu genuíno lar…?

Escrevo qualquer coisa

Penso um bocado

E digo-te…

“Vivemos já num futuro

onde as coisas impossíveis nos tempos antigos

são hoje bem reais

onde a realidade

ultrapassa a ficção

ambos somos os dois elementos

numa simbiótica troca de posições

e não és apenas Tu

que sacralizas e cultivas

certo tipo de solidões

e tens que perder esse hábito

intuitivo

de quereres

e não quereres ficar comigo

tens que aprender

que por muito que seja intensa

só temos uma existência

a viver

que é feita de escolhas

de cruéis decisões

e tudo tens a perder

com as tuas imposições

Pois

O mundo muda

E cada jornada

É uma Nova Madrugada

Onde o tempo se esgota

E nesse caminho

É impossível voltar para trás

Nas dores que me causas

Quando não te sinto

Por cá…

Porque o passado

É o segundo que decorreu

Desde o começo da frase

Que não queres ouvir

Para nela não pensares…

“Eu Amo-te no cúmulo da dor

no auge da paixão

mas nunca esperarei por Ti

se julgar

que quando regressares

para além da afeição que me trazes

me irás também magoar…”

E por um instante

Paras na tua odisseia

De tentar abraçar

E agarrar o mundo

Num gesto quase demente de perenidade

O qual eu assisto demasiadas vezes

Sem que esperes que eu nada faça

E reparas então

Na precariedade de tudo

Dás-me um beijo

Encostas a tua cabeça ao meu ombro

E juntos

Finalmente

Assistimos

A Uma Nova Madrugada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 29/01/2010
Código do texto: T2058059
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