Era Um Tempo De… (amor...)
(poema baseado vagamente no belíssimo “Miss Sarajevo” dos Passengers)
Deixarmos as sombras
Caminharem
Na Via da Luz
Deixar novos seres
Virem novas madrugadas
De uma realidade
Demasiadas vezes adiada
Pararmos de nos magoar
De teimarmos
Em ao amor ligar
Essas dores que são privadas
De partilharmos a alma
E não de trocarmos espingardas
Erguermos o Reino dos Céus na Terra
De pararmos com as chacinas
Internas ou externas
De pararmos com este ruído assustador
De pararmos
Com esta guerra…
Darmos um ao outro
Mais do que palavras
No fim das quais
Fica um insustentável vazio
Pois depois de deixar de estar contigo
Sinto o ego preenchido
Mas na verdade
Fico com nada
Uma vez por todas
Aceitarmos
O afecto
Como uma religião
Baixarmos as defesas sensoriais
E entrarmos
Um com o outro
Em profusa
Prolixa
E profunda
Comunhão
Pois se Te Amo
Não Amo uma qualquer
Amo o teu espírito Universal
Amo o teu corpo de mulher
Com todas as minhas forças ideológicas
Com todas as minhas utopias
Com todas as minhas certezas
Com toda a minha razão
Com todas as minhas dúvidas e incertezas assertivas
Com toda a estima compulsiva que tenho pela vida
Que fica demasiado vazia
Se não tiver
Ou sentir
A tua companhia…
Era de Facto Um Tempo De…