FAZES FALTA...
Fazes falta...
E não sabes, não percebes
a atitude incauta,
sem vontade de quebrar os pratos.
Mas querendo sim, rasgar os trapos,
derramar as tintas, resgatar o arco-íris...
Fazes falta...
E não entendes, não pretendes
desvendar mistérios de faquires,
que ensandecidos,
equilibram-se em fiapos...
Fazes falta...
Ah, como fazes falta...
E não vês nem lês
outros olhos que te buscam,
ocultos, e auscultam tua alma
em sorrisos amarelecidos...
Fazes falta...
Sim, fazes muita falta!
E não sabes, não percebes
o tom dos gemidos contidos,
o som dos suspiros retidos
pra não macular...
Fazes falta...
E não entendes, não pretendes
abrir mares pra emoção atravessar.
Pois, quando soa a última nota do fado,
vê-se que esse é um andar desacompanhado...
Fazes falta...
São tantos, e incontáveis, os perigos.
Mas, onde tu estás?
E aonde encontro meus amigos?
Não alcanço mais ninguém
então, quero te dizer,
antes que te vás também,
que fazes falta... Muita falta!