VESTIDO ROXO

Eu não quero evitar certas palavras

Nem guardar pra depois estas mágoas

Às vezes nossas dores são como as águas de uma chuva de verão

Que teimam em correr pro mar

Às vezes eu me perco no "talvez"

Mas Deus sempre nos conta historias pela metade

E os resultados dos caminhos que não escolhemos

É algo que não podemos prever

A morte é a cobradora que justifica essa minha avareza com cada minuto desperdiçado

Do que adianta presentear o amor a alguém que não o quer?

Como um belo vestido indesejado

Que aquece e acolhe a pele

Mas que aos olhos da dona não lhe cai bem o bastante

Para que num domingo o vista para festejar

Tem-me, então somente

para usar

Otávio Otto
Enviado por Otávio Otto em 27/01/2010
Reeditado em 03/04/2018
Código do texto: T2055042
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