Adoravelmente Despedaçados

Ele tinha dezessete anos quase extintos.

“Pra sempre.”

Ele tinha aquele sorriso capaz de

causar acidentes automobilísticos

e olhos de mármore e aquela

perfeita

pele de papel.

Se você o tocasse ele podia simplesmente se

r-r-rasgar! rasgar! em adoráveis milhões de pedaços.

Começou tudo bem,

com os eu te amo tanto

e os eu te amo também

e como nós somos tão perfeitos

e belos

e despedaçados,

tão adoravelmente despedaçados.

Foi uma questão de tempo até que nós

nos auto-destruíssemos

e desmoronássemos

em fragmentos de papel marfim

e pedaços de rubis vermelhos,

estando tão belos e perfeitos e acabados.

E tão despedaçados, tão despedaçados, que

a única coisa que restou

para ser catada

foi o odor do “não-foram-felizes-

para-sempre”.

Prisca Machado
Enviado por Prisca Machado em 27/01/2010
Reeditado em 27/01/2010
Código do texto: T2054902
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