A Flor e o Jardineiro
Foi prazeroso deixá-la ir
Doeu, mas com esse amor apenas sofri
Fez as malas, entrou no carro e foi embora
Confesso que chorei como nenhum outro homem chora.
E você distante em qualquer lugar
Fez-me esquecer da tua presença, do teu olhar
Enquanto o seu caminho continua
Sinto dizer-lhe a verdade nua e crua.
Você se foi da minha vida sem deixar vestígios
A não ser aquelas lágrimas que escorriam sem parar
Sinto dizer-lhe, mas sem você encontrei abrigo
Agora sei na verdade por quem amar.
Virei jardineiro de uma flor apenas
Cuidei com carinho quando ainda era uma semente pequena
Cuidei como se fosse a minha última obra
E ela foi crescendo e a sua beleza única sozinha é flora.
O homem nem sempre é correto
E se nunca errei antes foi porque tive de aprender sem errar
Para que os meus erros me fizessem ver
Que eu, incoerentemente, erraria por alguém que eu realmente sentisse o que é amar.
A tesoura de jardineiro estava sem corte
Forcei a barra para embelezá-la e quase a levei à morte.
O coração saia pela boca e o suor apareceu
Jurava que queria apenas deixá-la mais bela e quase tudo se perdeu.
As lágrimas do arrependimento caíram sobre mim
Curaram os ferimentos da delicada flor que quase viu o fim.
Tive que aprender da pior maneira que amor demais atrapalha
Um guerreiro insano de sangue acaba derrotado.
Eu um mero jardineiro quis cuidar demais
Não entendi que a flor sabe se alimentar sozinha
Quase perdi, mas agora entendi
Que ela é do mundo, mas mesmo pode ainda também ser minha.
Já errei demais e estou farto de errar
Não vou prometer, vou apenas mudar
Vou cuidar da flor, protege-la e regar
Para que o seu perfume ainda faça o mudo falar.
Só espero agora que ela me entenda
Só espero que ela responda aos meus desejos
No jardim que ela está plantada e protegida
Vamos brincar de pique-pega e olhar as estrelas à noite
E entender que nesse amor de jardineiro e flor
Um para o outro é a vida.