FATIA DA VIDA
 
Conheço a vida através dos sentidos
E na intuição, chego a imaginar-me outra,
Unicamente para poder julgar,
Sob um novo prisma, aquilo que me rodeia.
Às vezes, me canso ao deparar-me
Com frases sem vida...
Não quero cicerones me indicando
Os possíveis caminhos da eternidade,
Quero ser uma frase, nascendo em outra alma.
Sou o princípio do fim,
Em acertos, eu erro sozinha,
Quero apenas viver uma vida,

Em um mundo que acredito,
Numa paisagem abstrata,
Unida ao amor que desejo sentir.
Permanecerei viva, mesmo depois da morte...
Uma estranha inventora de emoções,

Em letras velhas, em palavras
Que possam guardar segredos,
Dando aos olhos à paisagem,
Às mãos, aos gestos e carícias que perdi.
Sinto-me obscura em meus sentimentos,
Pois hoje sou só uma fatia da vida.

Adriana Leal



Texto revisado por Marcia Mattoso