SONHO DE REI

Não quero te amar servindo a regras ou sob medida;

Porque a minha fome é destemida, não tem nome e nem lei;

Por teu amor me dei como a mais nada me doei por toda vida;

Por isso é fome audaciosa e decidida, não de súdito e sim de rei!

E o meu reino não consiste no poder das ostentações;

Pois suas pretensões anelam infinita e mais nobre ambição;

Quero sentir em minha mão a mais sublime dentre as fascinações;

Quero a maior das premiações, quero reinar em teu coração!

Ser monarca vitalício no sabor de teus beijos;

E ordenar aos teus gracejos que iluminem meu olhar a cada dia;

Usar teus lábios como especiaria em meu banquete de desejos;

E no teu corpo decretar festejos ao convertê-lo em minha iguaria!

Eis o meu sonho, que não pensa em recobrar a consciência;

Soberana inconsequência de uma tenaz e intensa paixão;

Que não perde tempo com reflexão, que arde em chama densa;

Um sonho sem indiferença, que quer matar o pesadelo da solidão!

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