O brejo _ um conto infantil.

A Perereca - antes alegre e fagueira -

andava triste pelo brejo.

Até que encontrou o Grilo Falante -

que lhe perguntou curioso, preocupado:

¨Porque está triste, amiga Perereca?

o que aconteceu? -

posso ajudar? ¨

Perereca agradeceu e respondeu:

¨Não é nada, amigo Grilo - é que ando muito só e fico agoniada

quando estou assim.

Sinto uns calores, uns troços esquisitos, umas coisas estranhas pelo corpo - não sei explicar o que é. ¨

¨Não fique assim, Perereca - você é tão bonita."

E ainda mais agora que está magrinha e com as bochechas coradas - ficou ainda mais linda.

Em breve aparecerá alguém especial que lhe fará feliz. ¨

Perereca exultou com a observação do Grilo:

¨Tomara, amigo, que você esteja certo -

não aguento mais, nem durmo direito - na verdade, sabe, sinto falta mesmo é de um c ... ¨

O Grilo se assustou e Perereca encabulada, completou -

parecendo querer consertar:

¨Carinho. ¨

A noticia da Perereca que sempre estava feliz se encontrar agora melancólica

circulou rápido pelo brejo - e toda a bicharada ficou preocupada!

Perereca sempre foi muito amada por todos.

¨O que está acontecendo com a nossa querida Perececa ? ¨

Está doente - crise existencial -

depressão ?

O Sapo Grandão, o melhor amigo de Perereca, - que a visitava todas as manhãs - mas que andava muito sumido por causa de uma viagem ao outro brejo, exclamou:

¨Que estranho - Perereca vivia sempre aberta e receptiva para todos e de repente murchou.

A vida ficará triste sem ela. ¨

¨Vamos fazer o seguinte - juntaremos todos e visitaremos a Perereca - para levar-lhe nossa solidariedade -

ela precisa do nosso calor. ¨

E assim todos os bichos brejeiros foram em fila à casa de Perereca - levando presentes e outros agrados.

A Formiga Gigante, o Grilo Falante, a Largatixa Verde, o Besouro Voador, o Passarinho Cantor, a Tartaruga Molenga, a Lacraia Nojenta, a Aranha Boa, a Cobra Colorida, o Peixe da Terra, o Escorpião Zão e outros chegaram ao local.

E gritaram do lado de fora, juntos:

¨Perereca, Perereca, Perereca, abre logo -

abre, Perereca, essa porta. ¨

E nada dela responder.

Todos ficaram ainda mais preocupados com o silêncio da Perereca.

¨Vamos gritar de novo - e tão alto que todo o brejo possa ouvir:

¨Perereca, Perereca, Perereca, abre, abre, abre!

¨

E nada da Perereca atender.

O Sapo Grandão, lider nato, subiu numa pedra e falou para todos:

¨Gente, não tem jeito mesmo - vamos ter que arrombar a Perereca - ou melhor, a porta da casa da Perereca.

- "Ela pode ter tido um treco ¨

Os outros concordaram imediamente:

¨Temos que salvar Perereca !¨

E se prepararam para arrombar a porta !

Os bichos se organizaram em fila em frente a entrada.

O Sapo Grandão animou a todos:

¨Vamos em frente, gente, arrombar essa maldita porta.

Vou contar até três - atenção! -

quando eu disser ¨jᨠavançamos! ¨

O Grilo Falante ponderou:

¨A casa da Perereca é muito pequenina - será que ela vai aguentar tanto bicho assim junto ?

Olha que não é mole. ¨

O Sapo Grandão determinou:

¨A Perereca aguenta, ela é forte ! ¨

E começou a contar:

¨1, 2, 3 -

já !

Tensão no brejo -

o que acontecerá ?

Onde estará Perereca ? -

porque ela não respondeu aos chamamentos ?

Estará morta ? -

ou se recusa em encontrar os amigos ?

Os bichos enfileirados foram em direção a porta e a arrombaram -num golpe forte até demais !

Um barulho imenso se fez no brejo -

os passarinhos no céu fugiram para longe, assustados -

os peixinhos estremeceram nas águas - e

os tatus adentraram na terra.

Truuuuuuuuuuuummmmm ..... Trummmmmmmmmmm....

Truuuuuuummmmmmm ... Trummmmmmmmm.....

A força foi tanta que derrubou a porta, a casa e os bichos também -

que ficaram no chão um sobre o outro - sendo que o Sapo Grandão ficou por baixo segurando a turma - todos abalados, empoeirados e assustados.

E nada de Perereca em lugar nenhum.

A casa inteiramente vazia -

nenhum sinal dela.

Os bichos foram se levantando devagar,

desconfiados com a situação inusitada.

O Sapo Grandão se ajeitou, - subiu de novo na pedra e falou:

¨Caramba, eu pedi para derrubarem a porta de Perereca - não a casa dela toda !

O que vamos dizer ? ¨

Realmente, a casa tinha ido abaixo - só restavam escombros pelo

chão !

Nesse instante, em meio ao clima de desolação, aparece Perereca.

Todos a olham, assustados mas felizes e cantam alegres :

"Apareceu Perereca - apareceu Perereca, olê, olê, olá! ¨

Assustada, ela olha para os restos de sua casa -chorando muito - e pergunta:

¨O que vocês fizeram com a minha casa -

onde irei morar ? ¨

O Sapo Grandão se apressa em explicar:

¨Pererequinha, meu amor, estavamos preocupados com você, - ficamos desesperados quando gritamos e você não respondeu.

¨

¨Mas não se preocupe - reconstruiremos sua casa agora mesmo -

faremos uma casa maior e mais bonita.

Na verdade sua casa antiga estava um horror. ¨

Mas onde você estava ? ¨

Perereca olhou o Sapo Grandão nos olhos e falou:

¨Fui ao outro brejo lhe procurar, estava saudosa -

não aguentei e fui lá, meu sapo querido. ¨

O sapo não aguentou, se aproximou e disse baixinho:

¨Pê, my love ( o sapo falava inglês) fui apenas visitar minha priminha Rã Nica - e demorei mais um pouco. ¨

Perereca - enciumada - olhou desconfiada como fazem todas as pererecas !

E o sapo completou.

¨Nica é apenas uma prima amiga -

meu grande amor é você. ¨

Os dois se olharam fixamente,

um querendo ver a'lma do outro.

E tendo ao fundo a casa destruída beijaram-se longamente.

E foram felizes para sempre na nova casa!

joão joão
Enviado por joão joão em 25/01/2010
Reeditado em 22/08/2024
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