O BEIJO QUE NÃO DEMOS

O beijo que não demos

Do que nós quase tivemos

Só restou o que sentimos

E, por pouco, não vivemos

Pois, a tempo, desistimos

Prometemos, não cumprimos

Pois juramos nos amarmos

Reconheça que mentimos!

De que vale disfarçarmos?

Isso tudo a que assistimos

Sem nos dar sequer a chance

De ceder aos nossos mimos

De vivermos um romance

Quando estás ao meu alcance

Tu me cegas qual neblina

Que persegue sem que canse

Mesmo o instante não termina

Nos afasta e nos fulmina

Este mesmo sentimento

Que nos dopa e nos domina

Sina e arrependimento

Não nos resta um só momento

Nada de que nós lembremos

Nada além do atroz lamento

Deste beijo que não demos

(Djalma Silveira)