MORADIA

Bom saber que o amor existe,

Que mora logo ali, na próxima esquina,

Acessível a qualquer coração carente,

Parceiro de boa mente, isenta de pequinês.

Bom saber que o amor mora logo ali,

Bem antes do futuro, logo após o passado,

Na rua que você imagina, exatamente ali,

Ao alcance da sua mão, do seu olhar.

Vá até lá, a porteira está sempre aberto,

Porta escancarada, nem janela tem,

Ambiente aconchegante, à vontade,

Proibido pedir licença para se achegar.

Permanecer ali é outra história,

Viver ali exige mais que querer,

Exige mais que simples vontade,

Preciso conjugar a empatia,

Abdicar de rompantes e mágoas.

O jardim, ao redor, é lindo,

Tem os aromas que se gosta,

O gosto que nos incita,

A melodia que nos embala

Tudo bem do jeito que se imagina.

Tem bosque, palmeiras, sombras e orvalho,

Tem noites iluminadas e estrelas prá contar,

Tem arrebol de sol brilhante, vento fresco,

Tem melodia encantada sonorizando o ar.

E tem roseiras, tem espinhos,

Lamaçal prá atravessar,

Mas tem porções “do bem” dependuradas,

Tem magia de beijo, de abraço, de olhar.

Bom saber que o amor tem moradia,

E que nos quer e nos tem como inquilinos

E não só como visitantes de passagem,

Nem somente prá sonhar.