A MULHER DA MINHA ALDEIA
Tem uma mulher que mora na minha aldeia,
Pele morena que brilha, cabelos claros ao léu,
Riso solto, corpo ao vento, vagando entre flores,
Andando sobre o orvalho das noites que me encobre.
E quando a tristeza me toma nas noites de angústia,
Escuta minhas histórias, meus lamentos e lamúrias,
E enquanto afaga meus cabelos e me acarinha,
Sussurra canções que entoam pelos vales da vida.
Por vezes a vejo circulando entre as flores,
Olhar ao longe como se nada visse no jardim,
Que não sejam imagens e aromas do passado,
Que disfarça em riso cálido, rompendo a melancolia.
Quem sabe adivinhando vontade de aqui ficar, quieta,
Caminhando pela aldeia que minha vida lhe oferece,
Zelando pelas minhas dores, ouvindo meus lamentos,
E a olho e rogo que nada a espante, nada a leve daqui.
As vezes eu a beijo e ela me beija também,
E nos beijando vamos fervendo nossas vidas,
E a chapa quente que aquece nossa paixão,
Leva-nos em viagens pelo céu que conhecemos.
Perdemo-nos entre estrelas que reluzem no lençol,
E no abraço que nos envolve nos acolhemos e nos damos,
Confundimo-nos no ardor do querer, do amor e da paixão,
Somente quando o cansaço cessa revejo seu riso lindo,
E relembro que sob mim está a mulher da minha aldeia.