Ciúmes

A noite apenas nascera

Quando toquei em sua porta;

Meu peito tíbio se exorta

Ao mirá-la exuberante;

Suas curvas excitantes,

Projetadas no vestido,

Clamam afagos atrevidos

E carícias delirantes.

Dois copos - uma garrafa,

Castanhas para o repasto,

O quebra-luz de alabastro

Sua timidez desfaz;

Desnuda-se o corpo, audaz

E nos pés da cama, jogada

Mimosa prenda rendada:

A camisola lilás.

A intimidade da alcova

Desperta febris desejos;

Sussurros tornam-se harpejos

De lascívia sinfonia.

E aos encantos da magia,

Sublimando nosso amor,

Ingerimos o licor

Que doudamente inebria.

Na maciez dos lençóis

Em seu corpo naveguei,

Só muito depois notei

Um intruso em nossa cela;

Beijavam sua imagem bela

Fracos raios de áureo lume

E do Sol tive ciúmes

Entrando pela janela.

Jorge Moraes - Livro: Acalantos

Jorge Moraes
Enviado por Jorge Moraes em 21/01/2010
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