Nudez Íntima
Desnudo tua alma,
Percebo intenso branco
A contrastar com o meu colorido
E mantenho-te de refém.
Tento pintar teu íntimo
Com a ternura de minhas palavras,
Mas me deparo com espessas larvas
Que mantêm teu âmago vazio.
Há uma carência de tudo em ti,
Procuro preencher todas as lacunas,
Tento deixar-te livre das dunas
Para não pereceres de frio.
O espaço que há em ti parece de repente incolor,
Teus sentimentos vibram inertes,
Talvez maculados pela dor.
Em tua sombra desvendo uma mancha
Soterrada por desejos insatisfeitos,
Teu vulto insosso e insalubre
Procura uma esperança em meu peito.
Investigo tuas lembranças
E descubro antídotos de lampejo,
Há um amor estéril e camuflado
À espera de um oportuno ensejo
Para ser sutilmente transformado...
Beijo teus lábios trêmulos,
Teu corpo responde com ardor,
As reticências que o mantinham paralisado,
Cedem aos impulsos transfigurados de calor!