Nudez Íntima

Desnudo tua alma,

Percebo intenso branco

A contrastar com o meu colorido

E mantenho-te de refém.

Tento pintar teu íntimo

Com a ternura de minhas palavras,

Mas me deparo com espessas larvas

Que mantêm teu âmago vazio.

Há uma carência de tudo em ti,

Procuro preencher todas as lacunas,

Tento deixar-te livre das dunas

Para não pereceres de frio.

O espaço que há em ti parece de repente incolor,

Teus sentimentos vibram inertes,

Talvez maculados pela dor.

Em tua sombra desvendo uma mancha

Soterrada por desejos insatisfeitos,

Teu vulto insosso e insalubre

Procura uma esperança em meu peito.

Investigo tuas lembranças

E descubro antídotos de lampejo,

Há um amor estéril e camuflado

À espera de um oportuno ensejo

Para ser sutilmente transformado...

Beijo teus lábios trêmulos,

Teu corpo responde com ardor,

As reticências que o mantinham paralisado,

Cedem aos impulsos transfigurados de calor!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 21/01/2010
Código do texto: T2041939
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